Ser mãe de cachorro é sem dúvida uma das coisas mais
maravilhosas do mundo.
Tão bebé, tão fofinha e engraçadinha nho nho nho...
MAS... (Há sempre um "mas" na vida), é preciso ter muita
pachorra.
Por isso recomendo cães adultos a muita gente que me
vem falar a dizer que quer um cão, ou que lindo que ver a pepita também lhes dá
vontade de ter um cachorro... Eu sou uma pessoa bastante paciente, optimista e
muito compreensiva com os cães e para as suas “coisas” de cão. Mas
digo-vos que é preciso ter pachorra. Muita! E daquilo que conheço das
pessoas que têm cães, muitos não estão preparados, nem têm a disponibilidade
mental e de tempo para cuidar um cachorro.
Os cachorros são fofinhos. Muito.
Mas também têm muita energia e pilha para gastar! Muita!
Fazem muitas
cachorrices! A toda a hora! Excepto quando dormem J
Qualquer cachorrinho
vai ter picos de energia e em 3 segundos vira de fofinho a piranha-que-morde-tudo-e-todos.
Eu tenho muita pachorra mas reconheço que felizmente
aprendi como lidar com estes pestinhas. E assim fica tudo muito mais fácil.
Estou na cozinha com a Pepita.
Entra em modo “Loucura, excitação total! Uhhuuuhhuuu”.
Brincamos com os brinquedos proprios de morder.
Mas eis que me mordisca. Ouch!!
Digo Auuu e saio da
cozinha onde estávamos e deixo-a lá.
Começa a choraminguice
do cão sofrido e abandonado.
Aguento cá fora de
nervos de aço e só volto ao seu encontro quando está caladinha e sossegada.
Custa. Custa pois! Mas tem
de ser assim.
É preciso não ceder
NUNCA. E assim, ela aprende várias coisas muuuuito importantes:
1)
Quando mordo na mãe acaba a nossa interação e ela vai
embora. A mãe é muito mariquinhas. Não pode levar uma trinca com mais força.
2)
Choramingar não adianta que ela não volta. Mesmo quando
começo a choramingar mais alto ou durante mais tempo. (aqui é preciso ter
nervos de aço e saber controlar a vontade de dizer um “Shiuuuuu!! Tá caladinha!”,
assim como controlar quem também vive lá em casa que também tem de passar a ter
nervos de aço.)
Morder e choramingar
são dois comportamentos que nos podem levar a perder a pachorra rapidamente.
Nem sempre estamos com disposição, há momentos em que o pavio está mais curto.
MAS...
se cedesse ela iria
achar que morder era um comportamento normal a ter com pessoas.
Muita gente não tem
cuidado com isto (“ah é cachorrinho não tem mal”...) mas depois eles crescem,
continuam a fazer o mesmo e deixa de ter graça, magoa e ralha-se (!) injustamente
por algo que sempre permitimos ao cão fazer... Não está certo isto.
Os dentinhos da piranha! |
Quanto ao choramingar estamos numa fase engraçada. A
espertalhona entendeu logo que chorar não me trazia de volta. Então sempre que me vê fica caladinha. (muitos
cachorros saltam, guincham.. e se as pessoas aparecem e interagem com eles esta
estratégia funciona, por isso vão continuar a pular e guinchar para chamar as
pessoas).
A Pepita ouve o despertador de manhã e começa a
choramingar (tipo: estou aqui! Venham brincar
comigo! Já vos ouvi!). Quando sente o nosso movimento a aproximarmo-nos cala-se.
Só passo no corredor quando está caladinha. “Bom dia Princesa!” ...eis que apareço e lhe dou muitos beijos! Ai explode coração! Tão bom um cachorro
ultra-feliz de cauda a abanar e a dar-nos beijos!!
Assim aos poucos a choraminguice piegas vai ficando
menos insistente e mais curta.
Ignoro e peço que lá em casa todos ignorem. Ignorar
significa: Não falar, não olhar, não fazer nada. Sair do campo de visão ajuda.
Quando começa o silêncio. Contar até 10 e aparecer.
Não é fácil. Não. Não é. Mas ninguém disse que iria ser
fácil.
Mas depois à medida que vão crescendo eles vão aprendendo! E
isso é o melhor reforço positivo que temos para o nosso esforço de
auto-controlo :P
O outro dia sai de
perto dela depois de uma mordiscadela e saí do campo de visão dela e fui fazer
outra coisa.
De repente comecei a
ouvir um grande chinfrim e fui espreitar pé-ante-pé.
Vejam o espectáculo com
que me deparei!
Adoro a Gata que devia
estar a pensar “estes cães são tontinhos de todo!!”
Fiquei feliz! A minha pequena estava sozinha mas está entretida.
Aprender a estar sozinho é fundamental e imprescíndivel em qualquer cão.
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